Esses tempos difíceis trouxeram preocupações para os empregados e para os empresários. Os primeiros preocuparam-se em não perder o emprego, embora muitos tenham sido demitidos; os outros preocuparam-se em manter as atividades de suas empresas, embora muitas tenham fechado definitivamente.
Ser desempregado, ainda que seja uma situação difícil de assimilar, é mais fácil do que ser desempresário. (termo inexistente no vocabulário português)
Quando demitido, o empregado tem direito a receber as verbas rescisórias, indenizações de férias e de 13º salário, valor do deposito do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço, acrescido de 40% e, se não satisfeito, pode recorrer a uma reclamatória trabalhista. Poderá ir à procura de um novo emprego tendo em mãos um currículo que exalte suas qualificações profissionais.
O desempresário, aquele que foi obrigado a encerrar as atividades de sua empresa, não recebe nada por isso e terá que arcar com inúmeras despesas, tais como: custo da demissão dos empregados; pagamento de todos os tributos. Terá que livrar-se do estoque, do mobiliário, do imóvel que aluga e deixá-lo da forma como o recebeu quando da locação. Perderá todo o investimento feito em propaganda e publicidade, em informática, em redes sociais e outros irrecuperáveis. Terá que quitar as contas com seus fornecedores e empréstimos bancários, e por fim, terá que pagar para baixar a empresa em todas as repartições.
De mãos vazias e normalmente devendo, o desempresário terá que ir atrás de outra atividade. A maioria deles sem qualificação para exaltar, uma vez que deixaram de lado suas aptidões profissionais, para se dedicarem a administração de suas empresas.
No Brasil, infelizmente funciona assim. O empresário tem que investir para manter-se e criar uma empresa e como consequência, empregos. Se deixar de ser empresário terá que também investir para isso.
Ser desempregado é uma situação difícil, mas ser desempresário é muito mais complicado.
Fonte: Renato Francisco Toigo